Praia do Rosa é uma praia em formato de meia-lua localizada no estado de Santa Catarina, no sul do Brasil, a cerca de 90 km ao sul de Florianópolis. Faz parte do município de Imbituba e é bastante conhecida entre surfistas e amantes da natureza pelas ondas constantes e pela proximidade de áreas ecológicas protegidas, como o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. Um fato menos conhecido é que, entre julho e novembro, a baía se transforma em refúgio sazonal para as baleias-francas-austrais migratórias, que frequentemente podem ser vistas bem perto da costa. Apesar da popularidade crescente, a região ainda preserva um clima de vila, com ruas de terra e pequenas pousadas no lugar de grandes resorts. Se você se interessa por vida selvagem, surfe ou simplesmente por caminhar por uma costa ainda não totalmente comercializada, a Praia do Rosa oferece uma rara combinação de beleza cênica e relevância ecológica.
A Praia do Rosa também é uma excelente base para nômades digitais. Uma alternativa mais tranquila aos agitados polos litorâneos do Brasil, ela atrai uma comunidade crescente de trabalhadores remotos, seduzidos pela beleza natural e pela conectividade razoável. Embora algumas partes ainda ofereçam infraestrutura básica, diversos cafés e pousadas já atendem especificamente esse público, com Wi-Fi confiável e espaços adequados para o trabalho. O ritmo local — manhãs lentas, pausas para o mar e noites tranquilas — pode até ajudar a manter um equilíbrio mais saudável entre vida e trabalho. Se você busca um lugar para se instalar longe do caos, mas que ainda suporte sua rotina online, venha testar a Praia do Rosa e veja como se sente.
Foi exatamente o que fizemos durante nosso inverno no Brasil em 2025, passando três semanas dos nossos três meses de visto na Praia do Rosa. Rapidamente se tornou o nosso lugar favorito no país — de longe. Neste post, compartilho minhas impressões e algumas imagens da estadia, além de dicas gerais e informações úteis para quem estiver planejando uma visita, seja prolongada ou apenas uma escapada rápida.
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Como Chegar à Praia do Rosa
Praia do Rosa não é o lugar mais fácil de chegar — e isso faz parte do seu charme. Escondida na costa sul de Santa Catarina, ela fica a 87 km ao sul de Florianópolis e a 20 km ao norte de Imbituba. A vila não tem aeroporto nem rodoviária grande, então chegar até lá geralmente exige combinar diferentes meios de transporte.
Saindo de Florianópolis:
- De carro: Alugar um carro é a opção mais prática. A viagem leva cerca de 1h30 a 2h, dependendo do trânsito. Basta seguir pela BR-101 em direção sul e pegar a saída para Garopaba ou Ibiraquera, dependendo do caminho escolhido.
- De van ou transfer: Existem serviços de transfer privados que fazem o trajeto direto entre Florianópolis e Praia do Rosa. São confortáveis e rápidos — mas não são baratos. Espere pagar cerca de 110 reais por pessoa. Podem ser reservados online ou através de agências locais.
- De ônibus: Não há ônibus público direto para Praia do Rosa. O mais próximo que se pode chegar é Garopaba, uma cidade a cerca de 15 km ao norte. As passagens saindo da rodoviária de Florianópolis custam em torno de 35 reais. Dá para comprar online aqui. De Garopaba, é possível tentar pegar um ônibus local (mas os horários são escassos e difíceis de encontrar online) ou um táxi até Praia do Rosa por cerca de 50 reais.
- De BlaBlaCar: Essa foi a opção que escolhemos. Embora ninguém estivesse indo diretamente para Praia do Rosa, encontramos uma carona com destino a Imbituba, avisamos o motorista que desceríamos no caminho e pagamos cerca de 25 reais. Funcionou super bem. Do ponto onde descemos na BR-101 até a vila, um Uber custou entre 15 e 20 reais.
Onde Ficar na Praia do Rosa
Uma das primeiras coisas que você vai notar ao procurar hospedagem na Praia do Rosa é a variedade — e a geografia. As opções vão desde pousadas simples até villas elegantes e eco-lodges charmosos, espalhados por uma área surpreendentemente ampla. A maioria das acomodações fica nos arredores do “centrinho da Praia do Rosa”, o pequeno centro da vila que está localizado cerca de 2 km morro acima da praia principal. É lá também que se concentram a maior parte dos restaurantes, bares, lojas de surfe e mercadinhos.
Como o terreno é bastante irregular e as distâncias podem enganar, vale a pena verificar com antecedência quão longe sua hospedagem fica tanto da praia quanto do centrinho antes de reservar — especialmente se você pretende se locomover a pé.
Nossa estadia
Ficamos no Lugar ao Sol e simplesmente adoramos. Localizado a cerca de 1,5 km do centro da vila, oferece o equilíbrio ideal para nômades digitais ou para quem busca uma estadia mais tranquila. Os flats são amplos, limpos e bem planejados, com cozinhas equipadas, Wi-Fi estável e espaços de trabalho de verdade (não apenas uma mesinha improvisada num canto). A vista da varanda, o silêncio à noite e as ocasionais visitas de beija-flores tornaram o lugar tão agradável que não queríamos ir embora.
Por estar um pouco afastado do burburinho central, o Lugar ao Sol também é notavelmente mais acessível do que muitas opções mais centrais, sem abrir mão de conforto ou qualidade. Se você pretende passar algumas semanas trabalhando remotamente ou apenas quer um refúgio sossegado, esta é uma excelente escolha.
Outras opções que valem a pena considerar
Se você procura algo mais central:
- Shangri-lá Casas e Studios – Localizado bem no centro da vila, este lugar fica a poucos passos de cafés, bares e toda a movimentação. Tem um clima aconchegante e descontraído, com agradáveis áreas de jardim, ideal para quem não quer encarar subidas depois do jantar.
Quer ficar de frente para o mar?
- Fazenda Verde – Uma das poucas acomodações pé na areia, situada na Rosa Norte. É um pouco mais cara, mas você estará literalmente a poucos passos das ondas. Perfeita para quem viaja em busca de surfe, relaxamento ou pores do sol românticos sem precisar sair do lugar.
Viajando em grupo ou quer mais independência?
- Linda Casa Vista Mar e Montanha – Encontramos este anúncio durante nossa pesquisa e ele pareceu fantástico. Situada em um ponto alto, com vista para o mar e para as montanhas, é ideal para famílias ou grupos de amigos que desejam um espaço privativo e completo.
O Stay22 é uma ferramenta prática que reúne hospedagens, experiências e restaurantes em um mapa interativo. Passe o mouse para ver os detalhes, use o ícone de configurações para ajustar preferências e ative camadas úteis como linhas de transporte ou pontos turísticos. Também é possível clicar em Mostrar Lista para visualizar as opções em formato de lista. Reservando pelo mapa, eu recebo uma pequena comissão sem custo extra para você — e assim você ajuda a manter este site no ar. Muito obrigado!
Como se locomover por Praia do Rosa
Como já mencionei antes, se locomover por Praia do Rosa está longe de ser fácil — a menos que você curta caminhadas longas e íngremes sob o calor. As distâncias entre os principais pontos — o centrinho, a praia principal, outras praias como Rosa Norte ou Luz, e muitas das hospedagens e atrações — podem parecer curtas no mapa, mas são enganosas na prática. Some-se a isso um terreno montanhoso e temperaturas frequentemente altas, e aquele passeio de 1,5 km vira uma escalada suada.
Logo percebemos que ter um veículo é praticamente essencial, especialmente se você estiver hospedado fora da área central ou quiser explorar os arredores. Infelizmente, Uber não é uma solução confiável por aqui — além de poucos carros disponíveis, os preços são bem mais altos do que em outras partes do Brasil. Corridas curtas que em Florianópolis custariam R$10 podem facilmente sair por R$35–50 na Praia do Rosa.
Se pretende alugar um carro, faça isso em Florianópolis antes de descer para o sul. Não há agências grandes de aluguel na vila, e suas opções serão muito limitadas depois que chegar.
Dito isso, decidimos manter tudo no modo analógico e alugamos bicicletas. Por que não aproveitar para se exercitar também? Alugamos as nossas com o Roque, um argentino simpático da Patagônia que também toca uma lavanderia no centrinho. As bikes eram simples, mas funcionais, e explorar a área de bicicleta nos deu muito mais liberdade do que ir a pé — sem os custos de um carro. Para falar com ele, é só mandar mensagem no WhatsApp: +55 48 99225-3022.
Alugar scooter é tecnicamente uma opção, mas a menos que você esteja nadando em dinheiro ou goste de pilotar uma espécie de “motinha de brinquedo”, talvez não compense. Os preços são surpreendentemente altos e os modelos disponíveis não são ideais para as ladeiras e estradas irregulares da região.
Mais uma dica importante: não confie demais no seu mapa. Praia do Rosa passou por uma explosão de construções nos últimos anos, com novas propriedades surgindo por todos os lados — muitas vezes bloqueando trilhas ou atalhos antigos. Onde o mapa mostra uma rua, você pode encontrar um portão fechado, um muro alto ou o quintal de alguém. No nosso caso, o Google Maps estava mais atualizado do que o Maps.me, mas ambos ainda deixam muito a desejar. Quando estiver em dúvida, pergunte a um local antes de seguir caminho — isso pode te poupar de um desvio frustrante (ou de voltar tudo morro acima suando).
As Praias
Quando se trata de praias, a Praia do Rosa e suas enseadas vizinhas têm um pouco de tudo: picos de surfe, refúgios escondidos, trilhas cênicas e cantinhos tranquilos perfeitos para não fazer absolutamente nada.
Praia do Rosa (Praia Principal)
A praia principal, Praia do Rosa, tem pouco mais de um quilômetro de extensão e é bem larga, então mesmo nos dias mais cheios, há bastante espaço para se espalhar. O canto sul é onde rola a maior movimentação: é onde as ondas quebram, atraindo surfistas o ano inteiro, e onde está concentrada a maioria das pousadas, restaurantes e barracas que alugam guarda-sóis e servem caipirinhas.
O canto norte, conhecido como Rosa Norte, tem um ar mais selvagem e intocado. Menos gente, menos comércios — só areia e mar abertos. O mar em toda a extensão da praia costuma ser bom para nadar, com entrada rasa e arenosa que o torna seguro e convidativo. Só um aviso: a água é gelada. Não importa a estação, você vai mergulhar em um Atlântico revigorante e gelado.
Praia do Luz
Ao sul da Praia do Rosa fica a Praia do Luz, ligada por uma caminhada curta e cênica. É uma praia dramática e bruta, com areia fina como pó que chicoteia a pele quando o vento sopra forte. O mar aqui é agitado e impróprio para banho, mas vimos alguns kitesurfistas aproveitando o vento. A praia tem um ar desértico de cinema: quase nenhuma casa à vista e apenas algumas barracas de comida estilo contêiner na ponta norte (só uma estava aberta quando fomos, em um sábado à tarde). Ao largo da costa, uma pequena ilha verde reforça essa sensação de natureza selvagem e aberta.
Praia Vermelha
Ao norte da Praia do Rosa, fica a Praia Vermelha, uma recompensa para quem encara um pequeno esforço. Ela é acessível apenas a pé, por uma trilha cênica que serpenteia pela mata atlântica e passa por penhascos dramáticos. As vistas no caminho estão entre as mais bonitas da região. A praia em si é tranquila, íntima e não desenvolvida — um lugar perfeito para ler, cochilar ou simplesmente desaparecer por um tempo. Não há aluguel de guarda-sóis nem barracas de comida, mas quase sempre há bastante sombra natural sob as árvores que margeiam a areia.
Praia do Ouvidor
Se você continuar caminhando para o norte a partir da Praia Vermelha, chegará à Praia do Ouvidor, que também é acessível por uma estradinha, caso você esteja de carro ou bicicleta. É maior que a Vermelha, mas ainda relativamente tranquila, especialmente fora dos fins de semana. A praia abriga uma única escola de surfe, mas fora isso, permanece simples e pouco explorada. Outro ótimo lugar para fugir da multidão sem precisar ir muito longe.
A Vila
A vila da Praia do Rosa — o famoso “centrinho” — é pequena, mas vibrante, especialmente nos fins de semana, quando os bares enchem e a música ao vivo toma conta das ruas. Apesar do tamanho compacto, o lugar tem uma energia surpreendentemente animada, misturando o ritmo relaxado de vila de praia com um toque de vida noturna que garante diversão depois do pôr do sol.
A cena gastronômica é ampla e eclética, com opções para praticamente todos os gostos. Tem os clássicos de vila de praia — hambúrguer e frutos do mar —, mas também pizzas de forno a lenha, bowls veganos, parrilla argentina e até umas tentativas de comida asiática. Para quem quer porções grandes e preços em conta, vale conferir este buffet, um pouco fora do centro.
A vila como um todo tem um jeitão meio Sudeste Asiático-encontra-trilha-hippie — estátuas de Buda, incensos, decoração oriental e luminárias de palha aparecem em lojas, cafés e pousadas. O clima é relaxado, um tanto místico, com um leve cheiro de erva no ar.
A vila também abriga várias lojinhas de roupas de verão, artesanato e surf shops. A estética é majoritariamente boho-chique — vestidos esvoaçantes, bijuterias feitas à mão e todo o tie-dye que você puder carregar. Os preços variam: dá pra encontrar coisas justas, mas também itens claramente voltados para os paulistanos com a carteira mais recheada.
Fotos
Veja (e fique à vontade para usar) todas as minhas fotos da Praia do Rosa em alta resolução.